domingo, 3 de março de 2013
Os pássaros cantam
No galho mais alto do cipreste o rouxinol cantou, uma destas noites, para aqueles que o compreendiam, este canto, na divina linguagem pélevi:
"-Vem! A roseira está em chamas como a sarça ardente de Moisés. Aprende com ela o mistério da Unidade Divina.
"Os pássaros do jardim cantam e brincam para que o Amo possa beber seu vinho ouvindo canções na língua do passado.
"Feliz do mendigo que dorme sobre seu tapete usado: é uma alegria, esta, desconhecida dos que trazem coroa.
"De quantas riqueza possuía, Djemschid, ao deixar este mundo, apenas levou consigo a sua taça. Não te prendas a outros bens senão àqueles que podes levar contigo."
Bela palavra a de certo velho camponês a seu filho: "-Possas tu, ó luz dos meus olhos sempre semear o que desejares colher!"
Talvez o escanção tenha enchido de mais a taça de Hafiz: seu turbante não está bem preso à cabeça.
Hafiz
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