sexta-feira, 6 de julho de 2012

A casa da esperança



A casa da esperança ergue sobre areia


Os cimentos da vida no ar sustentam


Vem, pois, vinho na minha mão derrama


Para por fim a toda pena.


Deixai que seja escravo da vontade do homem


Que sob a abóbada turquesa do céu


Das anímicas confusões


Logrou libertar-se e continua-o fazendo.


Excepto que a mente siga emaranhada


Com aquela cuja radiante beleza


A evocar o amor e a lealdade,


Liberta a mente de toda fadiga


Ontem à noite andei a beber


Na taberna e uma mensagem


Do mundo invisível agora vos conto


Que me trouxe o belo Gabriel


“Falcão de sobranceiro prestígio


de ninho elevado e olhar altivo


esta cidade da aflição
não é própria para passar os teus dias”


“E que não ouves que te chama o assobio?


Desde os muros do céu aclamou.


Não compreendo como é que foi


Que este engano seja a tua prisão”


Ouve o conselho que agora te dou


Que as tuas acções determina:


Estas são as frases que eu recebi


Daquele que foi meu ancião guia.


“Contenta-te com o destino e a vida


não voltes cenhoso o teu rosto


aqui abaixo a porta da liberdade


não está fechada para nós”


Não tentes achar fidelidade


Neste mundo de tão fraco apoio


Antes que a ti, esta velha bruxa


Traiu a milheiros de noivos


Não acredites em mostras de pura intenção
Nem que a rosa sorri sincera:


Laia-te, amante rouxinol:


Há muito motivo de pena.


Porquê gemes e invejas de Hafez,


Pobre poetinha, a facilidade?


Só Deus é que pode conceder


O dom musical e a graça feliz.

Hafiz

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